Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Bioplástico tem se mostrado a alternativa do futuro, mas também possui desvantagens. Entenda

Os bioplásticos, ou biopolímeros, não são apenas os bioplásticos biodegradáveis e compostáveis feitos de materiais naturais. O termo bioplástico também se refere aos plásticos derivados do petróleo, mas que se biodegradam, e aos plásticos produzidos com base em fontes renováveis, como a cana-de-açúcar, mas que não se biodegradam.

Conheça os tipos de plásticos existentes

Tendo em vista que praticamente todo o plástico já produzido pela humanidade ainda existe e que a cada ano cerca de um terço do plástico produzido polui diretamente a terra, o oceano e entra na cadeia alimentar, os bioplásticos, em especial os biodegradáveis, têm se mostrado uma alternativa vantajosa para o desenvolvimento da humanidade.

plastico
Entenda o impacto ambiental do lixo plástico para cadeia alimentar

Tipos de bioplástico

tipo de bioplástico
Foto de Christian Gahle, nova-Institut GmbH em Wikimedia Commons

Bioplástico de poliamida (PA)

A poliamida (PA) é um bioplástico produzido a partir de biomassa, mas que também pode ser feito com base em petróleo. Ela é vantajosa porque pode ser produzida utilizando fontes renováveis, como o óleo de mamona. No entanto, a poliamida, também chamada de nylon, não é biodegradável, mesmo em sua versão produzida a partir da biomassa. Outro problema é que o nylon ainda não é reciclável.

impacto-ambiental-das-roupas
Impactos ambientais das fibras têxteis e alternativas

O bioplástico de poliamida também pode ser produzido a partir do óleo de rícino, mas uma desvantagem é o seu baixo aproveitamento de terra, sendo necessária uma superfície relativamente ampla para a produção da quantidade necessária de matéria-prima (podendo concorrer com espaço para a produção de alimentos).

Óleo de rícino
Óleo de rícino: para que serve e benefícios

Bioplástico de polibutileno tereftalato adipato (PBAT)

O polibutileno tereftalato adipato, também chamado de “poliburato”, é um dos tipos de bioplásticos produzidos a partir de petróleo, mas que é biodegradável e compostável. Suas propriedades permitem que o poliburato substitua o polietileno de baixa densidade, um plástico produzido a partir do petróleo que não é biodegradável.

O bioplástico de poliburato pode ser utilizado, principalmente, na produção de sacolas. Mas possui a desvantagem de demandar uma fonte não-renovável.

Bioplástico de polibutilenosuccinato (PBS)

O polibutilenosuccinato (PBS) é um tipo de bioplástico que pode ser 100% de base biológica e biodegradável em condições industriais. Esse tipo normalmente é utilizado em utensílios que necessitam de uma capacidade de tolerância a altas temperaturas (100 ºC a 200 ºC).

É um bioplástico cristalino e flexível. O ácido succínico, base biológica da produção do PBS, é feito a partir de fontes renováveis e ajuda a reduzir a pegada de carbono. Cálculos mostram que as emissões de gases de efeito estufa (GEE) podem ser reduzidas em 50% a 80% em comparação com o plástico de origem fóssil. O ácido succínico também tem a vantagem de capturar CO2.

gases do efeito estufa
O que são os gases do efeito estufa?

Bioplástico de poliácido láctico (PLA)

O poliácido lático (PLA) é um bioplástico produzido a partir de bactérias. No processo, elas produzem o ácido lático por meio do processo de fermentação de vegetais ricos em amido, como a beterraba, o milho e a mandioca (entre outros).

Eles podem ser utilizados em embalagens alimentícias, embalagens cosméticas, sacolas plásticas de mercado, garrafas, canetas, vidros, tampas, talheres, frascos, copos, bandejas, pratos, filmes para a produção de tubetes, filamentos de impressão 3D, dispositivos médicos, tecidos não-trançados, entre outros.

O PLA é biodegradável, reciclável mecânica e quimicamente, biocompatível e bioabsorvível. Em comparação aos plásticos convencionais de petróleo, tais como o poliestireno (PS) e polietileno (PE), que demoram de 500 a 1000 anos para se degradarem, o PLA ganha em disparada, pois sua degradação leva de seis meses a dois anos para acontecer. E quando é descartado corretamente transforma-se em substâncias inofensivas, porque é facilmente degradado pela água.

Desvantagens do PLA

A desvantagem é que o PLA é um plástico de produção encarecida e sua compostagem só ocorre em condições ideais. Outro problema é que as normas americanas e brasileiras permitem a mistura de PLA a outros tipos de plásticos não biodegradáveis, o que, apesar de melhorar suas qualidades em termos de uso, prejudica sua qualidade em termos ambientais.

PLA
Plástico PLA: opção biodegradável e compostável

Mas não podemos confundi-lo com o plástico de amido, conhecido como amido termoplástico, pois no processo de produção do PLA o amido é usado simplesmente para se chegar ao ácido lático. Diferentemente do plástico de amido termoplástico, que tem o amido como matéria-prima principal.

Desses dois tipos, o PLA é vantajoso por ser mais resistente e se parecer mais com um plástico normal, além de ser 100% um plástico biodegradável (se dispuser de condições ideais).

Bioplásticos feitos a partir de algas

A empresa Algix desenvolve um importante insumo para a produção de bioplásticos: biomassa de algas. A produção excessiva de algas em decorrência da poluição tem sido um significativo problema que acontece devido à eutrofização.

Na produção de biomassa de algas para o desenvolvimento de bioplástico é feita a criação combinada de peixes (para o consumo) e algas. As vantagens desses tipos são a sua possibilidade de biodegradação, origem de fonte renovável, baixo custo de produção e não concorrência com terras aráveis.

Bioplástico de casca de camarão

Cascas de camarão, que são um dos principais resíduos da indústria alimentícia e abundantes no Reino Unido, estão sendo utilizadas para o desenvolvimento de bioplásticos.

A ideia é utilizar esse tipo de bioplástico para a produção de sacolas de compras e embalagens de alimentos.

Além de ser uma fonte renovável, esse tipo de bioplástico é biodegradável, reutiliza resíduos da indústria e ainda possui propriedades antimicrobianas, antibacterianas e biocompatíveis, o que é uma vantagem para a embalagem de alimentos e fármacos.

Mas talvez essa não seja uma boa ideia para quem é adepto da filosofia vegana.

filosofia-vegana
Filosofia vegana: conheça e tire suas dúvidas

Bioplástico de polihidroxialcanoato (PHA)

Os bioplásticos de polihidroxialcanoato (PHA) podem ser produzidos de diferentes maneiras por cepas específicas de bactérias. No primeiro caso, as bactérias são expostas a um suprimento limitado de nutrientes essenciais, como oxigênio e nitrogênio. Tais nutrientes promovem o crescimento de PHA – grânulos de plástico – dentro de suas células, como reservas de alimento e energia.

Outro grupo de bactérias que não requerem limitação de nutrientes para a produção de PHA o acumulam durante períodos de crescimento rápido. O PHA dentro de ambos os grupos pode então ser colhido, ou, antes da coleta, pode ser sintetizado em diferentes formas químicas por meio de engenharia genética.

Inicialmente, a comercialização de PHA foi prejudicada por altos custos de produção, baixos rendimentos e disponibilidade limitada. Isso o tornou incapaz de competir com os plásticos de origem petroquímica.

No entanto, foram descobertas certas bactérias que são capazes de produzir PHA a partir de uma variedade de fontes de carbono, incluindo resíduos de efluentes, óleos vegetais, ácidos graxos, alcanos e carboidratos simples. Isso amplia enormemente suas vantagens – por exemplo, o uso de materiais residuais como fonte de carbono para a produção de PHA teria o duplo benefício de reduzir o custo da PHA e reduzir o custo do descarte de resíduos.

Biocatalisador

Em 2013, uma empresa americana anunciou que refinou ainda mais o processo, removendo a necessidade de açúcares, óleos, amidos ou celulose, usando um “biocatalisador” derivado de micro-organismos que convertem ar misturado com gases de efeito estufa, como metano ou dióxido de carbono, em bioplástico.

Estudos mais profundos estão utilizando os genes dessas bactérias e inserindo-as em pés de milho, que então cultivam o bioplástico em suas próprias células.

Entretanto, essa produção é baseada em pés de milho geneticamente modificados. E a transgenia tem sido um tema frequentemente associado ao desrespeito ao Princípio da Precaução, entre outros problemas. Você pode entender melhor esse tema dando uma olhada nas matérias: “Meio ambiente pede alerta para o princípio da precaução” e “Milho transgênico: o que é e malefícios“.

O PHA é totalmente biodegradável sob determinadas condições, não é tóxico e pode ser usado em uma ampla gama de aplicações, desde embalagens de alimentos até implantes médicos.

Bioplástico drop-in

Os principais bioplásticos, ou biopolímeros, drop-in são o bio-polietileno (PE), bio-polipropileno (PP), terephalato de bio-polietileno (PET) e o policloreto de vinila (PVC).

Os drop-ins são feitos total ou parcialmente de base biológica, mas não são biodegradáveis; são versões híbridas de plásticos tradicionais. Eles diferem do plástico convencional – feito 100% a partir do petróleo – apenas em relação à base de matéria-prima parcialmente renovável, mantendo a mesma funcionalidade.

Os drop-in mais produzidos são os bio-PET parcialmente baseados em matéria-prima biológica, e já representam aproximadamente 40% da capacidade global de produção de bioplásticos.

Muitos tipos de plásticos convencionais, como PE, o PP e o PVC podem ser feitos a partir de recursos renováveis, como o bioetanol.

Um exemplo popular de um plástico drop-in é o Plant Bottle, usado por um dos principais fabricantes mundiais de refrigerantes. A garrafa utiliza 30% de materiais à base de plantas em sua fabricação, mantendo as mesmas características da garrafa tradicional e sendo totalmente reciclável. Com o tempo, espera-se que o componente renovável da garrafa aumente, enquanto os materiais baseados em combustíveis fósseis diminuam.

Os drop-ins são o grupo de bioplástico de crescimento de produção mais rápido. O interesse da indústria se baseia em dois principais pontos:

  1. Os drop-ins apresentam as mesmas propriedades e funcionalidades do plástico feito a partir de petróleo, o que significa que podem ser processados, usados ​​e reciclados em instalações existentes e seguindo as mesmas rotas que os plásticos convencionais, o que reduz a necessidade de infraestrutura nova ou adicional e reduz os custos em todos os níveis;
  2. A base renovável (ou parcialmente renovável) desses produtos reduz a pegada de carbono e, ao mesmo tempo, reduz os custos de produção.

No Brasil, a produção de PE a partir de biocombustível é semelhante aos drop-ins, mas o plástico costuma ser chamado de “plástico verde”.

plastico-verde
Afinal, o que é plástico verde?

Qual a desvantagem do bioplástico?

O problema dos bioplásticos produzidos a partir de biocombustíveis é que eles ocupam terras que poderiam ser destinadas à produção de alimentos e ainda não são biodegradáveis. Eles estão presentes nos mais diversos tipos de materiais como embalagens, aparelhos eletrônicos, cosméticos, equipamentos médicos, brinquedos, produtos de higiene, entre outros. E, se escaparem para o ambiente, podem causar danos significativos, a curto e longo prazo.

ciclo-do-microplastico
Ciclo do microplástico: o que é importante saber

Bioplástico de lixo orgânico

Você já imaginou que seria possível produzir biopolímeros utilizando o lixo orgânico como matéria-prima? Algumas empresas produzem bioplásticos a partir do resíduo orgânico. A ideia é reduzir a emissão de gases do efeito estufa produzidos pela decomposição do lixo orgânico, a terceira maior fonte de produção desses poluentes de origem antrópica.

O bioplástico Polyhydroxyalkanoate (PHA) é produzido a partir de bactérias não modificadas geneticamente e lixo orgânico, podendo substituir uma ampla gama de plásticos sintéticos. Esse tipo de bioplástico ainda é compostável e degradável. Outra vantagem é que, em termos de custos, ele é competitivo com os plásticos de origem petroquímica.

Bioplástico de polietileno furanoato (PEF)

O polietileno furanoato (PEF) é um bioplástico comparável ao PET. Ele é feito com matéria-prima 100% biológica e apresenta melhores propriedades térmicas e mecânicas que o PET. Os biopolímeros de PEF são ideais para embalagens de refrigerantes, água, bebidas alcoólicas, sucos de frutas, alimentos e produtos não alimentícios. No entanto, existe uma ampla gama de outras aplicações, como fibras e outros polímeros como a poliamida e o poliéster.

Na produção dos bioplásticos de PEF, são convertidos açúcares à base de plantas em materiais como o ácido furandicarboxílico (FDCA), que é empregado na produção de polímeros para a indústria de embalagens. A desvantagem desse tipo de bioplástico é a mesma de qualquer outra produção que depende da plantação como insumo: a concorrência com áreas de plantio.

O bioplástico é a solução?

Um estudo descobriu que os bioplásticos contêm tantos produtos químicos tóxicos quanto os plásticos convencionais. A pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade Goethe da Alemanha e é descrita como a maior pesquisa até hoje sobre o conteúdo químico dos bioplásticos. O trabalho se concentrou em 43 tipos diferentes de produtos bioplásticos, como garrafas de bebidas, rolhas de vinho e talheres descartáveis, com a equipe descobrindo que a grande maioria desses itens continham milhares de produtos químicos diferentes.

“Oitenta por cento dos produtos continham mais de 1.000 produtos químicos diferentes”, disse Martin Wagner, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e coautor do estudo. “Alguns deles chegam a 20.000 produtos químicos.”

Bioplásticos feitos de celulose e amido foram encontrados para conter a maioria dos produtos químicos e também desencadearam as reações tóxicas mais fortes em testes de laboratório in vitro, conforme confirmado por bioensaios e espectrometria de massa. No geral, os pesquisadores descobriram que as características desses tipo de plástico estão no mesmo nível dos plásticos comuns, no que diz respeito à toxicidade.

Além disso, se forem parar em aterros sanitários, os bioplásticos vão se decompor com a matéria orgânica e os demais tipos de resíduos. A decomposição da matéria orgânica existente na massa de resíduos descartados no aterro sanitário produz uma quantidade significativa de chorume e biogás, rico em metano (CH4).

O principal efeito negativo do metano para o meio ambiente é a sua contribuição para o desequilíbrio do efeito estufa, colaborando para o aquecimento global. Ao ser inalado em grandes quantidades, o gás também pode causar asfixia e perda de consciência, parada cardíaca e, em casos extremos, danos no sistema nervoso central.

Compostagem

A compostagem gera muitas vantagens para o meio ambiente e para a saúde pública, seja ela aplicada no meio urbano ou rural. A principal delas é que, no processo de decomposição, ocorre a formação de água, chorume não tóxico e biomassa (húmus). Entretanto, é preciso de um sistema adequado para que ela seja efetiva em grande escala. 

Sendo assim, para uma sociedade se desenvolver nos moldes da sustentabilidade, é preciso repensar o consumo. Ademais, é necessário aumentar a reutilização e a reciclagem do plástico para que eles fiquem menos tempo no meio ambiente. Essas ações vão ao encontro do que prega a economia circular.

Destine corretamente e tenha uma atitude cidadã

Para reduzir o lixo plástico consumido, o primeiro passo é praticar o consumo consciente, ou seja, repensar e reduzir o seu consumo. Já pensou em quantos plásticos supérfluos utilizamos no dia a dia que poderiam ser evitados?

Por outro lado, quando não for possível evitar o consumo, a saída é optar pelo consumo o mais sustentável possível e pela reutilização e/ou reciclagem. Mas nem tudo é reutilizável ou reciclável. Nesse caso, realize o descarte corretamente. Confira quais são os postos de coleta mais próximos de sua casa no mecanismo de busca gratuito do Portal eCycle.

Mas lembre-se: mesmo com o descarte correto é possível que o plástico escape para o ambiente, então consuma com consciência.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais